sexta-feira, 3 de abril de 2015

Consumismo


O mal do século XX, está ainda mais forte agora
Qual o mal que está dizimando mais vidas atualmente? Drogas? AIDS? Infelizmente não. Há prevenções contra isto, ainda que falhas.

O mal silencioso e mais perigoso, porque atinge todas as camadas sociais e faixas etárias, chama-se consumismo. O consumismo não é considerado ilícito, não é ilegal, não é imoral e, às vezes, nem engorda.

Mas é devastador. Ele domina as mentes das pessoas fazendo com que adquiram o que sabem que jamais poderiam possuir. Não porque não consigam produzir renda, mas porque toda a renda que consigam gerar é insuficiente para pagar o que consomem. Isto falando de consumidores adultos e trabalhadores.

Mas, quando o consumismo atinge as crianças o resultado é muito pior. Elas são aliciadas pela publicidade infantil e querem coisas cada vez mais caras. E muitas delas querem objetos inadequados para sua idade, principalmente equipamentos eletrônicos. Seus pais compram o que podem e quando podem. Dominada pelo consumismo, que é uma doença psicológica ainda não catalogada, a criança ou adolescente vai buscar todos os meios para conseguir o que quer. Todos mesmo, inclusive os ilícitos.

Aliciada inicialmente pela publicidade infantil a criança sofre então um novo aliciamento:  o que é feito pelos criminosos. Para ter aquele smartphone, notbook ou seja lá o que for, vale qualquer coisa, inclusive traficar ou se prostituir. Se o jovem quer uma motocicleta poderosa, poderá assaltar e até matar também.

Consumismo é um mal contra o qual só há uma vacina ou remédio: família consciente. Mas, a maioria das famílias já está contaminada. Precisam livrar-se desse mal fazendo algumas reflexões.

Analisemos: ter algo não pode ser mais importante do que ser alguém. Há três verbos importantes no desenvolvimento do ser humano: ser, fazer e ter. É importante que desde criança a pessoa entenda que ela precisa, antes de tudo ser. Ser uma pessoa equilibrada, cuja existência não represente uma ameaça ao bem comum. Depois vem o fazer. É importante fazer as coisas, conduzir a sua existência, não permitindo que a satisfação de suas necessidades prejudique o bem coletivo.

Então vem o ter. Ter coisas não pode estar associado à real felicidade. Ter coisas pode trazer conforto ou segurança, mas não faz a pessoa realmente feliz.

Alegria e tristeza são momentos de transição.

Você não tem carro, passa a ter e, por um curto período de tempo, alegra-se por ter deixado de andar a pé. Acostuma-se com a nova realidade e o carro deixar de ser motivo de alegria. Você passa a querer outra coisa. A sensação de alegria só voltará quando você adquirir aquela outra coisa, e assim você descobre que adquirir coisas não lhe faz feliz, lhe traz momentos de alegria que passam muito rápido. O consumismo é insaciável. Os antigos falam "a sacola do ter nunca enche".

Tristeza também é transição. A pessoa tem um objeto, deixa de ter e fica triste. Depois de um tempo, longo ou às vezes curto, a pessoa não está mais triste por aquele motivo. Até a perda de entes queridos é superada com o tempo, é a transição do ter para o não ter.

Mas, voltando ao consumismo, nós estamos gastando a maior parte do nosso tempo lutando para ter coisas que não precisamos. Coisas que usaremos apenas por alguns instantes e desprezaremos. Parece que queremos apenas dizer que temos para nos equiparar aos que também tem.

É urgente descobrirmos o que realmente precisamos ter.

O que nos fará não somente TER mais, mas principalmente SER melhores.



Prof. José Luiz da Silva





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