O mal silencioso e mais perigoso, porque atinge
todas as camadas sociais e faixas etárias, chama-se consumismo. O consumismo
não é considerado ilícito, não é ilegal, não é imoral e, às vezes, nem engorda.
Mas é devastador. Ele domina as mentes das pessoas
fazendo com que adquiram o que sabem que jamais poderiam possuir. Não porque
não consigam produzir renda, mas porque toda a renda que consigam gerar é
insuficiente para pagar o que consomem. Isto falando de consumidores adultos e
trabalhadores.
Mas, quando o consumismo atinge as crianças o
resultado é muito pior. Elas são aliciadas pela publicidade infantil e querem
coisas cada vez mais caras. E muitas delas querem objetos inadequados para sua
idade, principalmente equipamentos eletrônicos. Seus pais compram o que podem e
quando podem. Dominada pelo consumismo, que é uma doença psicológica ainda não
catalogada, a criança ou adolescente vai buscar todos os meios para conseguir o
que quer. Todos mesmo, inclusive os ilícitos.
Aliciada inicialmente pela publicidade infantil a
criança sofre então um novo aliciamento: o que é feito pelos criminosos.
Para ter aquele smartphone, notbook ou seja lá o que for, vale qualquer coisa,
inclusive traficar ou se prostituir. Se o jovem quer uma motocicleta poderosa,
poderá assaltar e até matar também.
Consumismo é um mal contra o qual só há uma vacina
ou remédio: família consciente. Mas, a maioria das famílias já está
contaminada. Precisam livrar-se desse mal fazendo algumas reflexões.
Analisemos: ter algo não pode ser mais importante
do que ser alguém. Há três verbos importantes no desenvolvimento do ser humano:
ser, fazer e ter. É importante que desde criança a pessoa entenda que ela
precisa, antes de tudo ser. Ser uma pessoa equilibrada, cuja existência não
represente uma ameaça ao bem comum. Depois vem o fazer. É importante fazer as
coisas, conduzir a sua existência, não permitindo que a satisfação de suas
necessidades prejudique o bem coletivo.
Então vem o ter. Ter coisas não pode estar associado
à real felicidade. Ter coisas pode trazer conforto ou segurança, mas não faz a
pessoa realmente feliz.
Alegria e tristeza são momentos de transição.
Você não tem carro, passa a ter e, por um curto
período de tempo, alegra-se por ter deixado de andar a pé. Acostuma-se com a
nova realidade e o carro deixar de ser motivo de alegria. Você passa a querer
outra coisa. A sensação de alegria só voltará quando você adquirir aquela outra
coisa, e assim você descobre que adquirir coisas não lhe faz feliz, lhe traz
momentos de alegria que passam muito rápido. O consumismo é insaciável. Os
antigos falam "a sacola do ter nunca enche".
Tristeza também é transição. A pessoa tem um
objeto, deixa de ter e fica triste. Depois de um tempo, longo ou às vezes
curto, a pessoa não está mais triste por aquele motivo. Até a perda de entes
queridos é superada com o tempo, é a transição do ter para o não ter.
Mas, voltando ao consumismo, nós estamos gastando a
maior parte do nosso tempo lutando para ter coisas que não precisamos. Coisas
que usaremos apenas por alguns instantes e desprezaremos. Parece que queremos
apenas dizer que temos para nos equiparar aos que também tem.
É urgente descobrirmos o que realmente precisamos
ter.
O que nos fará não somente TER mais, mas
principalmente SER melhores.
Prof. José Luiz da Silva
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sexta-feira, 3 de abril de 2015
Consumismo
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