quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Artigo: Macaibense da periferia não tenha vergonha de suas raízes

Por Ligia Silva


Não é de admirar que muitos programas tem ganhado ibope com a atual situação que encontra-se a segurança de Macaíba, só que esses meios de comunicação tem difamado a minha cidade como a terra do medo, hora, quem conhece a historia do Rio grande do norte, sabe que muitos governantes não investiram em segurança, da capital ao remoto interior, todos têm sofrido com o aumento  da violência, claro que é de se indignar mas eu me recuso a receber tal título de "terra do medo", medo  do que?. Aqui ninguém tem medo, aqui tem muito trabalhador rural, que acorda as cinco da manhã, e muita mãe de família que  alimenta seus filhos com o que consegue apurar na feira, aqui tem muito  microempreendedor que não tem medo de arriscar apesar da crise. Guarde seu título de cidade do medo para os desinformados e alienados da mídia, para os mendigos de seguidores, eu conheço minha historia e poderia citar grandes pensadores e estudiosos da minha cidade, mas prefiro falar dos corajosos que fazem parte do meu dia a dia.

Outra coisa que é triste é o preconceito do próprio macaibense com as áreas periféricas: Morada da Fé, Vila São José, Campinas, Campo das Mangueiras e Alto da Raiz. Para um preconceituoso quem mora nesses bairros, vive de colete á prova de bala, ou é trancado a sete chaves, sinto-lhes dizer não é verdade, na periferia de  macaíba existem formados que contribuem para a sociedade. Na Morada da Fé por exemplo existem: Bombeiro, Pedagogo, Estudante de Direito, Teólogo, Enfermeira, Bilíngüe se eu fosse citar aqui não caberia tantos títulos. Mas qual a realidade que vemos? é  a que queremos enxergar pela lente do preconceito. Periferia não é curral político, digo isso  pois muitos se aproveitam da realidade de alguns para prometer e não cumprir, periferia não é só marginalidade,  a periferia de macaíba é cheia de heróis e heroínas que criaram seus filhos em meio a tanta violência, e  descaso,  porém saíram vencedores, ou mesmo a periferia é feita de senhoras que perderam seus filhos para as drogas mas continuam lutando, a periferia é lugar daquele filho que cresceu sem pai mais que se formou dando orgulho a sua mãe ou mesmo não se formou mas continuou incorruptível, a periferia é da turma do Hip-hop , que tem feito a diferença na vida de jovens que poderiam estar em outros caminhos.

Não devemos  nos envergonhar de nossas raízes, o lugar onde moramos não determina nosso caráter mas a forma que olhamos pra ele pode dizer muito sobre nós, pois quem nega suas raízes nega a si. Desconstruir a visão que a periferia é sinônimo de marginalidade não é fácil, tendo em vista  que sempre na TV somos vistos de forma caricata, um exemplo: ligue sua TV domingo a tarde e vai ver, que tem sempre um "anjo" tentando salvar um pobre para se promover . Por isso antes de achar que nossa cidade não presta; devemos pensar seriamente o que temos reproduzido e principalmente o que temos produzido em prol da nossa comunidade, se temos feito da nossa comunidade um lugar melhor , conhecer nossa historia é de fundamental importância para que não sejamos manipulados.

Creio que não devemos temer um jovem da periferia; mas sim, certos visitantes de bairro nobre e luxuoso, que adora exibir carros importados, mas que vem de quatro em quatro anos nos iludir  e levar  nosso voto e junto nossa dignidade. É visível o medo, temos sérios problemas, porém é visível a garra e a vontade de crescer desse povo, de superar, de ser maior que todos os rótulos dados pela mídia. Eu sou Morada da fé, eu sou Macaíba – RN,  por que como diz a letra da Música de Dialetos do Gueto,  grupo de  Rap do meu bairro: “ Apesar das criticas que falam por aqui, Morada da Fé já faz parte de mim. E bota fé irmão daqui não quero sair’’. Guarde para si, seus rótulos.

Cidadão Macaibense 


Fonte: Macaíba No Ar http://ift.tt/1PaP6iu

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